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sexta-feira, 10 de outubro de 2025

CULTURA - ZEZÉ MOTTA NO CCBB-SP

 

  
                                                              
Crédito: Valentina Lassen

A peça é uma adaptação do livro de Maya Angelou, a primeira mulher negra a ser roteirista e diretora em Hollywood, e fica em cartaz no CCBB SP de 17 de outubro a 30 de novembro
 
Zezé Motta percorreu uma trajetória inspiradora em suas quase seis décadas de carreira. Gravou 14 discos, fez mais de 100 personagens na TV e no cinema. Já esteve nos mais importantes palcos do mundo, apresentou-se no Carnegie Hall de Nova York, no Olympia de Paris e na Venezuela, México, Chile, Argentina, Angola e Portugal. É uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado (MNU), denunciando corajosamente casos de racismo.
Em comemoração à trajetória de uma das artistas mais aclamadas do país e que inspira gerações de mulheres negras na luta por espaço, expressão e oportunidades, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) traz para seu palco de São Paulo, depois de uma temporada com lotação esgotada em todas as apresentações no CCBB Brasília, no CCBB Belo Horizonte e no CCBB Rio de Janeiro, o primeiro monólogo da carreira de Zezé Motta: “Vou Fazer de Mim um Mundo”. A montagem estreia no dia 17 de outubro e fica em cartaz até o dia 30 de novembro, no CCBB SPsextas às 19h e sábados e domingos às 17h. Os ingressos serão vendidos a R$30 (inteira) e R$15 (meia-entrada) no site bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB SP a partir de 10/10. Todas as sessões contarão com acessibilidade em Libras. A sessão do dia 01/11, sábado, contará com audiodescrição. Além disso, após a sessão do dia 08/11, sábado, haverá um bate papo com a equipe do espetáculo. O projeto é apresentado pelo Ministério da Cultura e Banco do Brasil, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. 
O espetáculo é uma adaptação para teatro do livro da Dra. Maya Angelou, o best-seller “Eu sei porque o pássaro canta na gaiola”, lançado em 1969 e que agora chega ao Brasil com dramaturgia e direção de Elissandro de Aquino.
A história, que se tornou um clássico, é a primeira das sete autobiografias que a autora publicou. Em ‘Pássaro’, Maya apresenta um tocante retrato da comunidade negra dos Estados Unidos durante a segregação dos anos 1930-1940. Nele, parece haver um grito silencioso desse pássaro aprisionado que a Dra. Maya Angelou vivenciou e que a tornou ainda mais forte. Como ela mesma cita: “O pássaro engaiolado canta com um trinado amedrontado sobre coisas desconhecidas, mas ainda desejadas...”. Angelou foi múltipla: poetisa, escritora, professora, roteirista, cantora, tradutora, atriz, militante, conviveu com Malcolm X, com James Baldwin, com o pastor Martin Luther King Jr. e se tornou um dos nomes mais reverenciados do século 20.
A peça valoriza a palavra oral, a palavra bem pronunciada a nos salvar de toda a loucura, tensão e extremismo da contemporaneidade. O cenário intimista, criado pelo artista plástico Claudio Partes, traz uma plantação de algodão, nuvens e um livro, de onde brotam as palavras poeticamente recitadas por Zezé. A iluminação de Aurélio de Simoni, profissional que dispensa apresentações, cria uma atmosfera, pinçando memórias e afetos antigos. O figurino é de Margo Margot e apresenta Zezé com uma paleta amarela, contextualizada ao fim da peça, mas, também, alusão direta a Oxum, seu orixá.
A adaptação e a direção de Aquino abrem possibilidades para evocar a palavra, por vezes cadenciada como uma coreografia, por vezes como uma música, com notas espontâneas e improvisadas. Sempre, contudo, bendita. “Partimos para um projeto bastante intimista, corajoso e potente. A ideia é cruzar duas realidades – a princípio tão distantes – e encontrar um elo entre as experiências humanas que nos atravessam como se não houvesse fronteiras. O projeto se abre em camadas, alternando micro e macro, o que o torna interessante e, ao mesmo tempo, desafiador. Sabemos que ele toca feridas diferentes, pois ora apresenta congruências coletivas, ora invade a nossa casa e expõe as dores mais veladas”, alerta o diretor artístico.
Em cena, Mila Moura e Pedro Leal David, multiplicarão o palco tocando arranjos exclusivos forjados no blues e suas variações. A trilha, porém, não se limita à atmosfera dos anos 30/40 do Sul dos Estados Unidos. Ao contrário, ela se mescla e abrange um campo nacional ao trazer nossos contemporâneos Dorival Caymmi, Luiz Melodia, Luiz Gonzaga, Milton Nascimento, Johnny Alf, Dona Clementina e Seu Jorge.
Segundo Pedro Leal David, que assina a direção musical, “é a confluência de dois rios: Maya Angelou e Zezé Motta. Com suas carreiras atravessadas pela música é natural que se buscasse, em antigas gravações, pistas para esse processo de criação. As musicalidades de Maya e Zezé nos dão notícias distintas sobre como os ritmos, sons, tons da diáspora africana foram abrindo caminho ao longo do século XX, tanto nos Estados Unidos, como no Brasil. Nossa proposta foi deixar esses rios se encontrarem, trazendo o blues pro violão de nylon, como quem levasse Baden Powell para um passeio nas margens do Mississipi, ou como quem imaginasse os Tincoãs, numa manhã de domingo, com suas vozes e atabaques, num culto em uma igreja da Louisiana. A Zezé tropicalista (ouça ‘Prazer Zezé, de 1972!) e a Maya do ‘Calypso ’nos dão a ousadia para esse experimento.”
Zezé, em “Vou Fazer de Mim um Mundo”, se aventura corajosamente num universo pouco habitual dessa atriz-cantora solar. Nesse espetáculo mais lunar, veremos uma Zezé introspectiva, política, denunciadora das mazelas sofridas por nossos antepassados e, sim, dolorida. Zezé pertence àquela categoria de atrizes que sentem profundamente cada palavra, que, quando ditas, estranhamente vão abrindo chagas ou cicatrizando feridas. Sabiamente o texto finaliza com alegria. Não uma alegria exaltada, do riso, mas uma alegria por ter ao que agradecer, por honrar os ancestrais, uma alegria por aprender com as gerações que é preciso continuar a trajetória sendo a mudança.
Depois de dez anos, ter o retorno de Zezé Motta ao teatro estrelando “Vou Fazer de Mim um Mundo”, seu primeiro monólogo, é uma forma de celebrar seu octogésimo ano com um acontecimento único e histórico.

Ficha Técnica
 
Do original “Eu sei porque o pássaro canta na gaiola”, de Maya Angelou 
Com Zezé Motta
Dramaturgia e Direção: Elissandro de Aquino Direção Musical: Pedro Leal David
Direção de Produção: Clara Bastos Produção Zezé Motta: Vinicius Belo
Músicos: Mila Moura e Pedro Leal David Stand in: Mila Moura
Cenografia: Claudio Partes Figurino: Margo Margot Iluminação: Aurélio de Simoni
Preparadora Corporal: Cátia Costa
Preparadora Vocal: Dafinne Santiago
Design, Comunicação e Artes Gráficas: Partes Estúdio
Fotos Divulgação: Wagner Loiola
Cabelo e Maquiagem: André Florindo
Assessoria de Imprensa SP: Clayton Jeronimo – Colateral Comunicação
Montagem: Joyce Agacê
Costureira: Maria de Fatima Monteiro
Gestão de Projeto: Cris Moreira
Gestão financeira: Graziane Gonçalves
Consultoria Jurídica: Alessandra Ulrich Produção: Viramundo
Serviço
Vou Fazer de Mim um Mundo

Temporada: de 17 de outubro até 30 de novembro
Horário: Sextas às 19h e sábados e domingos às 17h
Local: Centro Cultural Banco do Brasil – São Paulo
Endereço: Rua Álvares Penteado, 112 – Centro Histórico – SP
Classificação indicativa: 16 anos
Duração: 70 minutos
Ingressos: R$30 (inteira) e R$15 (meia-entrada), disponíveis no site bb.com.br/cultura e na bilheteria do CCBB São Paulo. Os ingressos são liberados na sexta-feira da semana anterior de cada semana às 12h.
Estudantes, maiores de 65 anos e Clientes Ourocard pagam meia entrada 
Acessibilidade em Libras em todas as sessões.
Audiodescrição na sessão do dia 01/11, sábado
Bate-papo pós sessão do dia 08/11, sábado
Serviço CCBB
Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo
Endereço: Rua Álvares Penteado, 112 – Centro Histórico – SP 
Funcionamento: Aberto todos os dias, das 9h às 20h, exceto às terças
Contato: (11) 4297-0600
Estacionamento: O CCBB possui estacionamento conveniado na Rua da Consolação, 228 (R$ 14 pelo período de 6 horas - necessário validar o ticket na bilheteria do CCBB).
O traslado é gratuito para o trajeto de ida e volta ao estacionamento e funciona das 12h às 21h.
Van: Ida e volta gratuita, saindo da Rua da Consolação, 228. No trajeto de volta, há também uma parada no metrô República. Das 12h às 21h.
Transporte público: O CCBB fica a 5 minutos da estação São Bento do Metrô. Pesquise linhas de ônibus com embarque e desembarque nas Ruas Líbero Badaró e Boa Vista.
Táxi ou Aplicativo: Desembarque na Praça do Patriarca e siga a pé pela Rua da Quitanda até o CCBB (200 m).
Entrada acessível CCBB SP: Pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida e outras pessoas que necessitem da rampa de acesso podem utilizar a porta lateral localizada à esquerda da entrada principal.

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