Lyudmila, vivida por Yuliya Vysotskaya, é uma comunista devotada que sobrevive aos tempos difíceis em 1962. O seu líder Stálin faleceu há 11 anos e em seu lugar está Nikita Khrushchev. Apesar dos tempos difíceis, Lydmila acredita firmemente no partido, mas, ela acaba entrando em contradição sobre tudo o que acreditava. O governo não aceita bem o movimento grevista de operários de uma fábrica de locomotivas na Unão Soviética. Conhecido como a Revolta de Novocherskassk, o movimento foi covardemente atacado pela ação combinada do exército soviético e a KGB com 26 manifestantes executados e 100 feridos. O motivo: aumento nos alimentos e corte nos salários.
O diretor Andrey Konchalovskiy mostra a agitação por dentro das camadas do Partido Comunista. Cenas com reuniões emergenciais, o medo de retaliação dos superiores ao membros do partido impera na maioria das cenas. Não é uma declaração panfletária ao Partido Comunista, mas, é uma explicação sobre os fatos que ocorreram na era pós-Stálin.
Fotografado num belíssimo preto e branco – concepção a cargo de Andrey Naydenov –, o longa-metragem traz inicialmente Lyudmila como uma pessoa de modos práticos e comportamento orientado pela ordem.
A própria Lyudmila chega a solicitar que o exército seja municiado para responder violentamente ao levante dos operários, o que confere outra nuance ao seu martírio (pois sugere a culpa) quando sua filha Svetka é dada como desaparecida. A jornada da mãe por vários ambientes em busca da filha ferida, do cadáver da menina ou de informações a respeito de uma eventual prisão é utilizada também para expor procedimentos, comportamentos e organizações. O ataque do exército soviético aos grevistas de Novocherkassk não é tão diferente, em tom e resultado, da repressão das tropas do Czar aos marinheiros revoltosos do Couraçado Potemkin em 1905. O final é surpreendente e reafirma a desilusão da protagonista com a ideologia que ela tanto admirava.
Baseado em uma história verídica, o drama indicado ao Bafta de melhor filme estrangeiro participou de vários festivais de cinema do mundo, incluindo o Festival de Cinema de Veneza e foi um dos destaques da programação da 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. A produção também foi o represente da Rússia para concorrer a uma vaga ao Oscar na categoria de melhor filme de língua estrangeira.
Ficha técnica:
Caros Camaradas! Trabalhadores em Luta
Rússia | 2020 | 121 min. | Drama – Guerra
Título Original: Dear Comrades | Dorogie Tovarishchi
Direção: Andrei Konchalovsky
Roteiro: Andrei Konchalovsky, Elena Kiseleva
Elenco: Yuliya Vysotskaya, Vladislav Komarov, Andrey Gusev, Yuliya Burova, Sergei Erlish, Alexander Maskelyne
Distribuição: A2 Filmes
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