Texto: Maria Lúcia Zanelli
Fotos: Maria Lúcia Zanelli
A pé e sem grandes deslocamentos pelo centro velho de São Paulo, o turista pode conhecer os 460 anos de nossa história
Quem anda a pé pelas ruas do
centro de São Paulo e observa atentamente aos detalhes, conhece a arquitetura paulista
e a da própria cidade nos 460 anos de história. No quadrilátero que compõe o
Páteo do Colégio e a Rua Boa Vista, estão localizados diversos edifícios que
retratam a expansão da cidade.
O Páteo do Colégio é o marco
inicial do nascimento da cidade de São Paulo. Foi ali, no alto de uma colina
entre os rios Tamanduateí e Anhangabaú, que o padre Manuel da Nóbrega e o então
noviço José de Anchieta, e outros padres jesuítas da Companhia de Jesus,
estabeleceram um núcleo para fins de catequização de indígenas no Planalto.
Em uma parte da antiga cripta
da Igreja do Pateo do Collegio, que constitui hoje mais um espaço do Museu, com
reminiscências de paredes construídas no século 17, encontram-se diferentes
suportes da memória, como iconografia inédita, textos explicativos, mapas e
maquete, recentemente restaurados. Essas obras promovem a inserção do Pateo do
Collegio no contexto da cidade e apresentam uma cronologia das transformações
sofridas e testemunhadas pelo local de 1554 aos dias atuais. Cerca de 700
objetos integram as coleções, hoje expostas em sua quase totalidade em seis
salas e no espaço da cripta.
A pinacoteca do Museu conta
com doze telas dos séculos 17, 18 e 20, todas restauradas. Em linhas gerais,
são representações de personalidades e fatos marcantes da história da Companhia
de Jesus no Brasil. Outra área do Museu abriga exemplares da sua coleção de
arte sacra, que constituem a maior parte do acervo e refletem aspectos peculiares
a São Paulo.
Entre as peças de arte sacra
encontram-se mesas de altar, oratórios, crucifixos, relicários, ostensórios,
pias de água benta e outros objetos de culto e devoção, que mostram a
religiosidade cristã em terras paulistas.
Prédio da Justiça – Um salto
no tempo ao atravessar a rua é a sensação que o visitante tem ao olhar do lado
direito do Pateo do Colégio. Lá estão localizados os dois prédios da Secretaria
da Justiça e da Defesa da Cidadania. Projetado por Ramos de Azevedo, entre 1881
e 1891, os edifícios (nº 148 e 184), de três andares e com arquitetura em
estilo neoclássico, foram projetados pelo engenheiro e arquiteto paulista,
Francisco de Paula Ramos de Azevedo (1851-1928).
O imóvel do número 184 teve a
pedra fundamental lançada no dia 7 de setembro de 1881. Inaugurado em 9 de
março de 1891 para abrigar a Secretaria da Fazenda e do Tesouro. Desde então,
foi ocupada pela Caixa Econômica Estadual, Tribunal de Alçada, e atualmente as
dependências da Secretaria da Justiça.
O prédio de número 148 foi
criado para ser originalmente a sede da Secretaria da Agricultura. Apesar de
ser mais novo e obedecer ao mesmo programa arquitetônico do primeiro edifício é
o mais ornamentado revelando maior preocupação com a suntuosidade.
No subsolo do prédio 184 inaugurado
em 1891 existem duas portas cofres que serviram a Secretaria da Fazenda e do
Tesouro, primeira instituição a ocupar o prédio. Outro lugar interessante e
aberto ao público é a Biblioteca da Secretaria. Localizada no Páteo do Colégio,
148, a
biblioteca possui mais de 10 mil volumes das áreas de Direito Administrativo,
Direito Constitucional e Direitos Humanos, além de 50 mil títulos de revistas.
Nas prateleiras, é possível observar a forma de organização e recuperação de
informação dos anos 1890. Uma das raridades é o Código Comercial do Brazil
(escrito com z) de 1896, com capa de pergaminho. Na biblioteca havia uma
passagem subterrânea que ligava os dois
prédios e a outros pontos turísticos do centro, como a Igreja Padre Anchieta e
ao Solar da Marquesa.
A biblioteca é aberta ao
público somente para consultas. Recebe por mês aproximadamente 50 visitas de
estudantes de Direito, procuradores e secretários de Estado.
Solar da Marquesa –
Localizada na Rua Roberto Simonsen, a casa conhecida como Solar da Marquesa de
Santos, “é uma construção do século 18, que sofreu alterações ao longo do
tempo”, explica o arquiteto Celso Ohmo. Ainda conserva as características
originais, assim como as fases pelas quais passou. Serviu como residência
particular desde os tempos coloniais e de 1834 a 1867 nela morou
Domitila de Castro Canto Canto e Mello, a Marquesa de Santos, com sua família.
Em 1880, foi comprada pela Mitra Diocesana para sede e residência do Bispado de
São Paulo. De 1909 a
1967 abrigou a Companhia de Gás. Passou, em seguida, a propriedade da
Prefeitura de São Paulo para, em 1975, tornar-se sede da Secretaria Municipal
de Cultura, que depois a destinou ao Museu da Cidade de São Paulo, formado por
um conjunto de casas históricas sob administração da Secretaria.
O Museu da Cidade oferece aos
visitantes a exposição A Marquesa de Santos, uma mulher, um termo e um lugar,
que toma como fio condutor a moradora mais conhecida desta casa – a Marquesa de
Santos para abordar São Paulo em meados do século 19.
A exposição apresenta o
visitante a uma mulher arrojada para seu tempo. Vítima de violência doméstica,
quando jovem foi esfaqueada pelo primeiro marido, mulher divorciada (o divórcio
era admitido pela Igreja como proteção a mulheres em situação de risco) e amante
do imperador do Brasil, D. Pedro 1º. Separada do imperador, casou-se com o
Brigadeiro Tobias de Aguiar. Das três uniões, resultaram 14 filhos. Na segunda
metade da vida, destacou-se como grande dama paulista, sediada no velho Solar
da Rua do Carmo.
Joia Beneditina – Com 400
anos de existência, o Mosteiro de São Bento é de importância histórica para a
cidade. O Mosteiro está construído no local onde estava a taba do cacique
Tibiriçá. O local foi doado aos beneditinos pela Câmara de São Paulo em 1600 para
os monges. Com o crescimento da Vila no século 17, Fernão Dias Paes Leme
ampliou a Igreja e melhorou as dependências do Mosteiro.
O prédio passou por quatro
construções. Em 1910, teve a construção da nova igreja e do Mosteiro. A
construção em estilo da escola artística de Beuron, projeto de Richard Berndl,
professor da Universidade de Munique e um dos melhores arquitetos da Alemanha.
É desta época a decoração em estilo Beuronense foi feita pelo beneditino belga
Dom Beuronse foi feita pelo beneditino belga Dom Edelberto Gressnigt. A
Basílica foi consagrada em 1922. Nesta época, foram instalados os sinos e o
relógio, tido como o mais precioso de São Paulo.
Parabéns Lúcia Zanelli, belo trabalho.
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