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terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Turismo - Quadrilátero de muita história

Texto: Maria Lúcia Zanelli
Fotos: Maria Lúcia Zanelli

A pé e sem grandes deslocamentos pelo centro velho de São Paulo, o turista pode conhecer os 460 anos de nossa história   

Quem anda a pé pelas ruas do centro de São Paulo e observa atentamente aos detalhes, conhece a arquitetura paulista e a da própria cidade nos 460 anos de história. No quadrilátero que compõe o Páteo do Colégio e a Rua Boa Vista, estão localizados diversos edifícios que retratam a expansão da cidade.

O Páteo do Colégio é o marco inicial do nascimento da cidade de São Paulo. Foi ali, no alto de uma colina entre os rios Tamanduateí e Anhangabaú, que o padre Manuel da Nóbrega e o então noviço José de Anchieta, e outros padres jesuítas da Companhia de Jesus, estabeleceram um núcleo para fins de catequização de indígenas no Planalto.
Em uma parte da antiga cripta da Igreja do Pateo do Collegio, que constitui hoje mais um espaço do Museu, com reminiscências de paredes construídas no século 17, encontram-se diferentes suportes da memória, como iconografia inédita, textos explicativos, mapas e maquete, recentemente restaurados. Essas obras promovem a inserção do Pateo do Collegio no contexto da cidade e apresentam uma cronologia das transformações sofridas e testemunhadas pelo local de 1554 aos dias atuais. Cerca de 700 objetos integram as coleções, hoje expostas em sua quase totalidade em seis salas e no espaço da cripta.
A pinacoteca do Museu conta com doze telas dos séculos 17, 18 e 20, todas restauradas. Em linhas gerais, são representações de personalidades e fatos marcantes da história da Companhia de Jesus no Brasil. Outra área do Museu abriga exemplares da sua coleção de arte sacra, que constituem a maior parte do acervo e refletem aspectos peculiares a São Paulo.
Entre as peças de arte sacra encontram-se mesas de altar, oratórios, crucifixos, relicários, ostensórios, pias de água benta e outros objetos de culto e devoção, que mostram a religiosidade cristã em terras paulistas.

Prédio da Justiça – Um salto no tempo ao atravessar a rua é a sensação que o visitante tem ao olhar do lado direito do Pateo do Colégio. Lá estão localizados os dois prédios da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania. Projetado por Ramos de Azevedo, entre 1881 e 1891, os edifícios (nº 148 e 184), de três andares e com arquitetura em estilo neoclássico, foram projetados pelo engenheiro e arquiteto paulista, Francisco de Paula Ramos de Azevedo (1851-1928).
O imóvel do número 184 teve a pedra fundamental lançada no dia 7 de setembro de 1881. Inaugurado em 9 de março de 1891 para abrigar a Secretaria da Fazenda e do Tesouro. Desde então, foi ocupada pela Caixa Econômica Estadual, Tribunal de Alçada, e atualmente as dependências da Secretaria da Justiça.
O prédio de número 148 foi criado para ser originalmente a sede da Secretaria da Agricultura. Apesar de ser mais novo e obedecer ao mesmo programa arquitetônico do primeiro edifício é o mais ornamentado revelando maior preocupação com a suntuosidade.
No subsolo do prédio 184 inaugurado em 1891 existem duas portas cofres que serviram a Secretaria da Fazenda e do Tesouro, primeira instituição a ocupar o prédio. Outro lugar interessante e aberto ao público é a Biblioteca da Secretaria. Localizada no Páteo do Colégio, 148, a biblioteca possui mais de 10 mil volumes das áreas de Direito Administrativo, Direito Constitucional e Direitos Humanos, além de 50 mil títulos de revistas. Nas prateleiras, é possível observar a forma de organização e recuperação de informação dos anos 1890. Uma das raridades é o Código Comercial do Brazil (escrito com z) de 1896, com capa de pergaminho. Na biblioteca havia uma passagem subterrânea  que ligava os dois prédios e a outros pontos turísticos do centro, como a Igreja Padre Anchieta e ao Solar da Marquesa.
A biblioteca é aberta ao público somente para consultas. Recebe por mês aproximadamente 50 visitas de estudantes de Direito, procuradores e secretários de Estado.


Solar da Marquesa – Localizada na Rua Roberto Simonsen, a casa conhecida como Solar da Marquesa de Santos, “é uma construção do século 18, que sofreu alterações ao longo do tempo”, explica o arquiteto Celso Ohmo. Ainda conserva as características originais, assim como as fases pelas quais passou. Serviu como residência particular desde os tempos coloniais e de 1834 a 1867 nela morou Domitila de Castro Canto Canto e Mello, a Marquesa de Santos, com sua família. Em 1880, foi comprada pela Mitra Diocesana para sede e residência do Bispado de São Paulo. De 1909 a 1967 abrigou a Companhia de Gás. Passou, em seguida, a propriedade da Prefeitura de São Paulo para, em 1975, tornar-se sede da Secretaria Municipal de Cultura, que depois a destinou ao Museu da Cidade de São Paulo, formado por um conjunto de casas históricas sob administração da Secretaria.


O Museu da Cidade oferece aos visitantes a exposição A Marquesa de Santos, uma mulher, um termo e um lugar, que toma como fio condutor a moradora mais conhecida desta casa – a Marquesa de Santos para abordar São Paulo em meados do século 19.
A exposição apresenta o visitante a uma mulher arrojada para seu tempo. Vítima de violência doméstica, quando jovem foi esfaqueada pelo primeiro marido, mulher divorciada (o divórcio era admitido pela Igreja como proteção a mulheres em situação de risco) e amante do imperador do Brasil, D. Pedro 1º. Separada do imperador, casou-se com o Brigadeiro Tobias de Aguiar. Das três uniões, resultaram 14 filhos. Na segunda metade da vida, destacou-se como grande dama paulista, sediada no velho Solar da Rua do Carmo. 



Joia Beneditina – Com 400 anos de existência, o Mosteiro de São Bento é de importância histórica para a cidade. O Mosteiro está construído no local onde estava a taba do cacique Tibiriçá. O local foi doado aos beneditinos pela Câmara de São Paulo em 1600 para os monges. Com o crescimento da Vila no século 17, Fernão Dias Paes Leme ampliou a Igreja e melhorou as dependências do Mosteiro.
O prédio passou por quatro construções. Em 1910, teve a construção da nova igreja e do Mosteiro. A construção em estilo da escola artística de Beuron, projeto de Richard Berndl, professor da Universidade de Munique e um dos melhores arquitetos da Alemanha. É desta época a decoração em estilo Beuronense foi feita pelo beneditino belga Dom Beuronse foi feita pelo beneditino belga Dom Edelberto Gressnigt. A Basílica foi consagrada em 1922. Nesta época, foram instalados os sinos e o relógio, tido como o mais precioso de São Paulo.




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