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quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Diário de uma repórter: Rolêzinho: nós vamos invadir sua praia!

Texto: Maria Lúcia Zanelli

A praia do paulistano foi invadida. Não tem para ninguém: classe média ou alta. Elas vão tem que conviver com a periferia. É difícil e até cansativo falar sobre os famosos rolêzinhos. Cansei de discutir com os colegas de todos os níveis e de todas as tendências políticas possíveis para descobrir o que há de tão significativo nestas manifestações.
Não sou a favor de baderna, arruaça e quebradeira. Acredito, piamente, que quando você grita ou agride, perde a razão. Mas, a conclusão que eu chego é apenas uma: as classes médias e altas estão preocupadas com a invasão do seu espaço (que não é para ser dividido com ninguém, entendeu?) porque os jovens têm rostos negros, nordestinos, usam roupa de marca (falsificada) e até tem ar de deboche. Eles que fiquem em seus bailes funks, comprando em lojinhas da periferia, bem longe dos shoppings da moda. O discurso é esse.
Há alguns anos, a banda Ultraje a Rigor lançou uma música chamada "Nós vamos invadir sua praia". Os mais velhos, como eu, vão lembrar bem das discussões acerca do tema. "Pobre pode ir para a praia?" Lembro de uma garota na praia de Ipanema, discursando sobre o "devido lugar do pobre". Em alguns anos, o governo carioca criou um lugar especial: o Piscinão de Ramos, que ganhou lugar de destaque em uma conhecida novela da Rede Globo. Quem sabe, a sociedade elitista, classes média e alta, não construirá um "lugar especial" para os jovens da periferia?




Após discutir, pensar e repensar, só chego a uma conclusão: se os rolêzinhos partissem de boyzinhos ou bad boys classe média e alta, com certeza, a sociedade brasileira iria dar a velha desculpa: "Eles estão entediados. Jovem é assim mesmo!!" E você, quer dar um rolêzinho?

  

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