Recentemente, o livro Gente Ultraprocessada – Por que Comemos Coisas que Não São Comida, e Por que Não Conseguimos Parar de Comê-las, do médico e escritor Chris van Tulleken, ganhou as páginas dos principais jornais do mundo contando sobre a própria experiência sem e com alimentação de ultraprocessados.
Convidamos a endocrinologista Dra. Lorena Lima Amato para explicar como os alimentos ultraprocessados impactam, de diferentes formas, a saúde endocrinológica.
- Quais são os principais impactos dos alimentos ultraprocessados na saúde hormonal? Eles podem – de alguma forma - afetar a produção e regulação de hormônios no corpo?
Dra. Lorena Amato - Os ultraprocessados podem influenciar no ganho de peso inicialmente, com todas as consequências hormonais implícitas nessa condição, como resistência à insulina e possibilidade de diabetes. A composição química de alguns ultraprocessados como, por exemplo, a presença de bisfenol e de outros compostos podem influenciar na secreção de cortisol.
- Existe uma relação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e o desenvolvimento de doenças como diabetes tipo 2, obesidade e distúrbios da tireoide?
Dra. Lorena Amato - A relação dos ultraprocessados com diabetes tipo 2 e obesidade está bem estabelecida devido ao excesso de calorias e açúcares presentes nesses tipos de alimentos. Sobre distúrbios da tireoide, ainda não há uma relação muito bem estabelecida, mas existe uma possibilidade de alteração na função tiroidiana.
- Os aditivos e conservantes presentes nos alimentos ultraprocessados podem influenciar o sistema endócrino?
Dra. Lorena Amato - Sim, os aditivos podem influenciar. O bisfenol, por exemplo, pode influenciar na produção hormonal. O glutamato, que é um realçador de sabor, também pode impactar o sistema endocrinológico, assim como os emulsificantes, alterando, inclusive, a microbiota intestinal.
Esses realçadores de sabores e outros aditivos podem também interferir na sinalização de saciedade do sistema nervoso central, levando ao consumo alimentar excessivo.
- Existe alguma evidência de que os alimentos ultraprocessados afetam os níveis de insulina e glicose no sangue?
Dra. Lorena Amato - Sim, já que possuem alta carga glicêmica, são muito ricos em açúcares e com pouca fibra, levando a picos de glicose e podendo aumentar a resistência à insulina. Também podem contribuir para o acúmulo da gordura visceral, alterando a secreção pancreática de insulina.
- O consumo de alimentos ultraprocessados pode influenciar a saúde hormonal durante a puberdade ou menopausa?
Dra. Lorena Amato – Com certeza. Na puberdade e na menopausa, alimentos que contenham fitalatos e bisfenol podem interferir na secreção hormonal. Na puberdade, os excessos desses compostos podem impactar no amadurecimento ósseo e, eventualmente, até em alterações puberais como puberdade precoce.
Sobre a Dra. Lorena Lima Amato - A especialista é endocrinologista pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), com título da Sociedade Brasileira de Endocrinologia (SBEM), endocrinopediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria e doutora pela USP.
Serviço:
Site: https://endocrino.com/
www.amato.com.br
Instagram: https://www.instagram.com/dra.lorenaendocrino/
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