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domingo, 26 de setembro de 2021

Direito - Os mil dias do governo Bolsonaro

 


Brasileiros e brasileiras perderam direitos e sentiram os impactos diariamente ao longo dos 
1000 dias de governo do presidente Jair Bolsonaro, aponta a Anistia Internacional Brasil. 
O documento "1000 dias sem direitos - As violações do governo Bolsonaro" lançado 
nesta sexta-feira, 24 de setembro. Ao todo foram catalogadas 32 situações que levaram 
a violações de direitos humanos desde a posse de Bolsonaro. E muitos delas permanecem 
sem solução e sem uma justa reparação. O número diz respeito às campanhas, ações 
urgentes e reativos produzidos pela equipe da Anistia Internacional Brasil desde 
1 de janeiro de 2019 até o momento.

O governo federal descumpre seu papel de garantir e facilitar acesso aos direitos humanos 
fundamentais como a vida, a liberdade, a igualdade, a segurança e a moradia.

"Reunimos as ações da Anistia Internacional Brasil ao longo desses 1000 dias de governo 
Bolsonaro e concluímos que são 1000 dias sem direitos que brasileiros e brasileiras estão 
vivendo. As pessoas estão sentindo no bolso, no prato, na pele e no corpo as perdas 
dos seus direitos mais fundamentais", explica Jurema Werneck, diretora executiva da 
Anistia Internacional Brasil.

"O Brasil vive um momento preocupante, agravado pela pandemia da Covid-19, mas não 
só. Indígenas, populações tradicionais, quilombolas, moradores e moradoras das 
favelas e periferias foram deixados de lado pela omissão do presidente Jair Bolsonaro 
e seus ministros em fazer um governo para todos e todas. O Brasil é muito maior que 
o cercadinho do Palácio do Planalto", completa Jurema.

O documento sinaliza que diversas vezes o governo de Jair Bolsonaro descumpriu 
seu dever de garantir direitos e qualidade de vida para população brasileira.

A conduta negacionista e irresponsável, omissão, falta de transparência de dados, 
troca de ministros da saúde, falta de assistência adequada aos profissionais de saúde 
foram algumas das denúncias que a Anistia Internacional Brasil catalogou a partir de 
março de 2020, sobre a pandemia da Covid-19 na gestão do presidente Jair Bolsonaro.

"Na pandemia da Covid-19 milhares de mortes poderiam ter sido evitadas e as mais 
chocantes desigualdades e injustiças que fazem parte da história do Brasil 
poderiam ter sido enfrentadas. Brasileiros e brasileiras hoje passam 
fome, estão desempregados, desemparados pelas autoridades públicas e é a 
sociedade civil organizada quem segue dando respostas contundentes para 
o enfrentamento dessa crise sanitária. Os responsáveis pelas condutas 
inadequadas na gestão da pandemia até aqui devem ser processados 
judicialmente e devidamente responsabilizados", afirma Jurema Werneck.

O declarado afrouxamento no controle de armas no Brasil também é lembrado 
pela análise da Anistia Internacional Brasil que ainda em 2019 já sinalizava que 
os discursos eleitorais do candidato Jair Bolsonaro, se tornariam prática recorrente 
do presidente eleito. O tema da segurança pública é uma das preocupações da 
Anistia Internacional Brasil e houve inúmeros retrocessos na garantia da proteção 
de brasileiros e brasileiras e do direito à vida. Pelo contrário, há uma crescente 
flexibilização do porte e acesso a armas de fogo, mesmo sendo o Brasil um 
dos países que mais mata com armas de fogo no mundo.

"Armas não salvam vidas. Para Anistia Internacional Brasil segurança pública é 
também agir para que outros tantos direitos sejam garantidos. O que inclui um 
plano nacional de redução de homicídios e de homicídios cometidos pelas polícias 
em serviço, sobretudo os que atingem jovens negros de favelas e periferias. Já 
perdemos João Pedro, Ágatha Félix, Mizael Fernandes da Silva, Kethlen Romeu e 
tantas outras vidas para uma política de guerra e morte que há mais de 
30 anos não resolve o problema", explica Jurema.

Autoritarismo, intimidação e agressões verbais constantes deram o tom da relação do 
presidente Jair Bolsonaro com a imprensa. A restrição ao amplo debate, diminuição 
do espaço cívico e as ameaças ao estado de direito em discursos de convocação 
de atos públicos também foram apontados como graves perdas de direitos 
de brasileiros e brasileiras. E a prometida perseguição às organizações 
não governamentais, ainda na campanha eleitoral, tornou-se prática com a 
denúncia veiculada na imprensa de que agentes da Abin monitoraram a 
participação de ONGs e movimentos sociais na Conferência do Clima das 
Nações Unidas (COP25), em 2019, em Madrid.

"Perseguir e monitorar opositores ou críticos ao governo são práticas do período 
sombrio do Regime Militar. Todos e todas têm o direito de construir uma sociedade 
mais justa e em prol do interesse público, com acesso à informação, participação 
ampla de ideias e valorização da diversidade que está em cada brasileiro e 
brasileira", aponta Jurema.

Quase 600 mil vidas perdidas para a Covid-19, mais de 14 milhões de desempregados, 
cerca de 19 milhões de brasileiros passando fome, indígenas, quilombolas e 
populações tradicionais sendo perseguidos e perdendo suas terras para grileiros,
 madeireiros e garimpeiros... A lista de dados e fatos do Brasil do governo de 
Jair Bolsonaro revela que serão alcançados 1000 dias de direitos atacados.

"É dever e responsabilidade do presidente Jair Bolsonaro e de seu governo 
garantir direitos humanos para todos e todas. Brasileiros e brasileiras estão 
neste momento perdendo suas vidas ou sofrendo na pele a má gestão e 
omissão que atinge o país nestes últimos 1000 dias", afirma Jurema.

Sobre a Anistia Internacional

A Anistia Internacional é um movimento global de mais de 10 milhões de pessoas 
que encaram a injustiça como algo pessoal. Presente em mais de 150 países, 
a organização realiza campanhas para que direitos humanos 
internacionalmente reconhecidos sejam respeitados e protegidos. Criada em 1961, 
pelo advogado britânico Peter Benenson, atua no Brasil desde o período do 
Regime Militar (1964-1985) e teve seu escritório inaugurado no país, em 2012.



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